top of page

Excesso de trabalho: o alerta silencioso que pode levar ao burnout

  • Foto do escritor: Larissa Cobar
    Larissa Cobar
  • 4 de abr.
  • 6 min de leitura


Vivemos em uma era onde produtividade é quase uma exigência constante. A pressão por resultados e a competitividade do mercado fazem com que muitos ultrapassem os próprios limites, sem perceber os riscos à saúde mental. O excesso de trabalho tornou-se um problema silencioso, muitas vezes ignorado até que seja tarde demais.


Nesse cenário, a síndrome de burnout se destaca como uma das principais consequências de jornadas desgastantes e da falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Trata-se de um esgotamento físico e emocional causado por condições laborais nocivas que se acumulam ao longo do tempo. Identificar seus sinais precocemente é essencial para evitar maiores danos.


Este artigo vai te ajudar a entender o que é o burnout, como ele se desenvolve, quais são seus sintomas físicos e emocionais e, principalmente, o que pode ser feito pelas empresas para proteger seus colaboradores.




Excesso de trabalho – Será que é Burnout?

Nem todo cansaço extremo é apenas “uma fase difícil”. O excesso de trabalho, quando se torna constante e interfere no bem-estar emocional e físico, pode ser um dos principais sinais de burnout. A linha entre dedicação e esgotamento é tênue — e muitas vezes, quando percebemos, já estamos ultrapassando os próprios limites há muito tempo.


Se você se sente constantemente exausto, mesmo após o descanso, perdeu a motivação por tarefas que antes traziam satisfação ou tem dificuldade para se concentrar em atividades simples, talvez não seja “só estresse”. Esses sintomas são comuns em pessoas que estão desenvolvendo a síndrome de burnout.


Como diferenciar? Preste atenção na duração e intensidade do cansaço. Se o sentimento de esgotamento persiste por semanas, vem acompanhado de irritabilidade, lapsos de memória ou sensação de fracasso, é hora de procurar ajuda. O burnout não se resolve com um final de semana de descanso: ele exige cuidado profissional, mudanças no ambiente de trabalho e, muitas vezes, uma pausa real para recuperação.


1. Síndrome de burnout: o que é?

O burnout é um distúrbio psíquico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde, caracterizado por exaustão extrema, estresse crônico e sensação de incapacidade. Ele está diretamente ligado a contextos profissionais desgastantes, marcados por cobrança excessiva, falta de reconhecimento e excesso de trabalho.




Para prevenir o burnout, é importante criar um ambiente de trabalho que valorize o bem-estar dos funcionários.


O que fazer:

  • Realize avaliações periódicas de clima organizacional, como pesquisas anônimas que permitam aos colaboradores expressar como se sentem em relação às suas rotinas e à liderança;

  • Promova pausas obrigatórias, incentivando intervalos de 10 minutos a cada 2 horas de trabalho contínuo para reduzir a tensão mental;

  • Crie uma cultura de diálogo aberto, com canais internos para escuta ativa e troca sincera de feedback entre gestores e equipe.


2. Como o burnout afeta o desempenho no trabalho?

Quando um colaborador desenvolve burnout, seu rendimento cai drasticamente. Isso acontece porque a mente e o corpo entram em modo de defesa, tentando sobreviver à sobrecarga. Além disso, o profissional começa a se distanciar emocionalmente das tarefas e das pessoas ao redor.


Consequências frequentes incluem queda na produtividade, aumento nos erros e dificuldade em tomar decisões.


Como lidar:

  • Estabeleça metas realistas, alinhadas com o tempo e os recursos disponíveis. Exemplo: em vez de exigir 10 relatórios por semana, avalie se 5 entregas bem feitas não atendem melhor aos objetivos;

  • Ofereça feedbacks construtivos, focando no desenvolvimento e não apenas no resultado. Ao invés de criticar, oriente com empatia e proponha alternativas;

  • Inclua treinamentos de soft skills, como inteligência emocional e técnicas de gestão do estresse, nos programas internos da empresa.




3. Principais impactos na saúde física e mental

O burnout não se limita ao ambiente de trabalho — ele transborda para a vida pessoal e afeta o corpo e a mente em várias frentes.


3.1 Dor de cabeça com frequência

Cefaleias recorrentes são sintomas comuns entre pessoas com burnout. Isso ocorre devido à tensão muscular e ao estresse constante, especialmente em situações de cobrança constante.


Medidas eficazes:

  • Estimule o relaxamento fora do expediente, como aulas de yoga, alongamento ou meditação — atividades que podem ser oferecidas no próprio ambiente de trabalho;

  • Estabeleça uma rotina de sono saudável, evitando reuniões fora do horário comercial ou exigências de respostas rápidas após o expediente;

  • Oriente sobre ergonomia, promovendo ajustes nas estações de trabalho para aliviar tensões físicas.


3.2 Burnout e a irritabilidade

A irritabilidade constante é uma reação emocional à sobrecarga. Pequenas situações tornam-se gatilhos para explosões emocionais, afetando relacionamentos pessoais e profissionais.


Como ajudar:

  • Incentive conversas em grupo sobre emoções no trabalho, com mediação de profissionais como psicólogos organizacionais;

  • Promova campanhas internas de empatia e respeito, com cartilhas, vídeos e vivências que estimulem o olhar humano;

  • Crie políticas claras de resolução de conflitos, para que o colaborador não sinta que precisa "engolir sapos" diariamente.


3.3 Cansaço excessivo

Um dos sintomas mais marcantes do burnout é o cansaço persistente, mesmo após o descanso. Isso indica que o organismo não consegue mais se recuperar adequadamente.


Medidas eficazes:

  • Revise as cargas de trabalho regularmente, identificando pontos de acúmulo injustificado de tarefas;

  • Implemente horários flexíveis ou semana reduzida, testando modelos que priorizem entregas com qualidade, e não horas no escritório;

  • Ofereça apoio nutricional e físico, como consultas com nutricionistas e incentivo à prática de atividades físicas.



3.4 Lapsos de memória frequentes

O acúmulo de estresse compromete a capacidade de concentração e memória. Isso impacta diretamente a qualidade do trabalho e a confiança do colaborador em si mesmo.


Como ajudar:

  • Evite excesso de reuniões e notificações durante o expediente, criando blocos de tempo de foco para as atividades;

  • Sugira técnicas como Pomodoro ou GTD (Getting Things Done) para organização mental e produtividade;

  • Promova momentos de desconexão digital, como uma "sexta-feira sem e-mail" ou tempo livre para leitura e estudo.


3.5 Como é feito o tratamento?

O tratamento do burnout envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir psicoterapia, apoio psiquiátrico e mudanças no estilo de vida. Em casos mais graves, o afastamento do trabalho pode ser necessário.


Passo a passo:

  1. Reconhecimento do problema – o primeiro passo é admitir que o cansaço e o desânimo não são normais;

  2. Buscar apoio profissional – psicólogos e psiquiatras especializados podem ajudar a compreender a raiz da exaustão;

  3. Repensar hábitos e rotinas – isso pode incluir mudanças no sono, alimentação e uso de tecnologia;

  4. Readequar a rotina de trabalho, com a participação da liderança, RH e equipe médica da empresa, se necessário.


3.6 Como o burnout se desenvolve dentro de uma empresa?

O burnout não surge do dia para a noite. Ele é resultado de uma cultura organizacional adoecida, onde o excesso de trabalho, a falta de reconhecimento e a pressão contínua são comuns.



Para evitar esse cenário:

  • Monitore sinais silenciosos de esgotamento, como atrasos frequentes, queda na performance e afastamentos por problemas emocionais;

  • Capacite líderes para reconhecer e agir com empatia, com treinamentos voltados à saúde emocional das equipes;

  • Revise frequentemente os processos internos, tornando-os mais ágeis, humanos e respeitosos com os limites das pessoas.


4. Como é possível ajudar os colaboradores?

Empresas que priorizam o bem-estar dos colaboradores colhem frutos em produtividade, retenção de talentos e clima organizacional. Prevenir o burnout é um investimento humano e estratégico.


Veja como contribuir:

  • Crie canais anônimos de escuta, como caixas de sugestões, e-mails confidenciais ou aplicativos internos para denúncias de abuso ou sobrecarga;

  • Implante programas permanentes de saúde mental, com rodas de conversa, atendimentos individuais e ações de autocuidado no ambiente de trabalho;

  • Reconheça e valorize o esforço dos funcionários, com gestos simples, como elogios públicos, bônus, dias de folga ou cartinhas de agradecimento feitas pela liderança.


O excesso de trabalho não deve ser encarado como sinal de dedicação, mas como um alarme que exige atenção imediata. Quando a exaustão toma o lugar da motivação, é sinal de que algo precisa mudar. O burnout não é fraqueza — é uma resposta do corpo e da mente pedindo socorro.


Se você chegou até aqui, talvez já tenha sentido na pele os efeitos da sobrecarga. Ou talvez esteja vendo alguém próximo adoecer em silêncio. Em ambos os casos, é hora de agir. Cuidar da saúde mental no ambiente de trabalho é mais do que necessário — é um gesto de humanidade.



Empresas saudáveis nascem de pessoas saudáveis. Que possamos construir ambientes onde o equilíbrio, o respeito aos limites e o bem-estar sejam prioridades. Porque, no fim das contas, o trabalho só faz sentido quando a vida continua valendo a pena.

bottom of page